O que é o dexismo?
DEXISTAS
 (DXers), RÁDIO ESCUTAS, RADIOAMADORES, OUVINTES DE ONDAS CURTAS E 
MONITORES DE EMISSORAS INTERNACIONAIS. QUAIS AS DIFENÇAS?
No presente artigo, de forma sintética, 
estarei procurando passar aos colegas alguns conceitos sobre o que é 
dexismo, delimitando seu segmento de atuação frente a outras atividades 
ligadas ao rádio.
1 – Rádio escutas ou ouvintes de rádio.
Na categoria genérica e imprecisa de 
“rádio escutas” podem estar enquadradas todas e quaisquer pessoas que 
ouçam o rádio: o ouvinte de uma emissora local, o empregado de uma 
estação que tem por tarefa ouvir as concorrentes, o monitor de rádio 
internacional, o radioamador (quando escuta seu rádio), o promotor de 
testes de equipamentos de rádio e antenas, o dexista e até mesmo aqueles
 que se dedicam a ouvir sinais de rádio provenientes de fontes tão 
exóticas como dos morcegos(!). Ou seja, o “rádio escuta” é o ouvinte de rádio em sentido amplo, tal como o termo em si mesmo sugere.
No Brasil, para as emissoras de 
radiodifusão, “rádio escuta” tinha um sentido mais específico: servia 
para designar um compartimento da estação, uma “Sala de Rádio Escuta” 
onde um estagiário ou funcionário em início de carreira, acompanhava 
através do rádio os resultados dos jogos internacionais, as notícias 
pelas grandes emissoras de ondas curtas, ou até mesmo ouvia estações 
concorrentes em busca de informações; isso num tempo em que a telefonia 
não funcionava a contento, era cara e não havia ainda a internet. 
Atualmente, nas “Salas de Rádio Escuta” sobreviventes, os receptores 
foram desativados e substituídos pela Internet. Provavelmente os 
serviços de “escuta de rádio” ainda sobrevivam nas grandes agências de 
inteligência e nas emissoras internacionais de porte – tipo BBC 
Monitoring Service – e se destinam à coleta de informações provenientes 
de regiões do mundo que estejam em conflito onde, por ventura, os outros
 meios de comunicação possam estar comprometidos.
2 - Radioamadorismo e radioamador
O radioamadorismo é um hobby de caráter 
científico. O radioamador procura manter em funcionamento uma estação de
 radiocomunicação para comunicados, contestes ou conversas informais em 
diferentes modos de transmissão, entre eles a telegrafia ou CW, AM, 
SSB-USB/LSB, FM, FSK para os modos digitais: SSTV, RTTY, Packet (Acesso 
via internet+software+radio) e operação via satélite. Para se ter uma 
estação de radioamador, é necessário que seu praticante estude 
legislação, detenha conhecimentos científicos (pelo menos os 
fundamentos) de eletricidade e eletrônica; para comunicados de longa 
distância (DX), conhecimentos de Geografia e Astronomia entre outros.
Existem restrições a operação do serviço
 de radioamadores. As freqüências são delimitadas pelos organismos 
oficiais de comunicação de cada país seguindo os padrões mundiais da UIT
 (União Internacional de Telecomunicações). Para ser um radioamador, é 
necessária a obtenção de licença de operação junto ao órgão público 
responsável pelas comunicações de seu país. A permissão é concedida 
mediante avaliação técnica que, dependendo da faixa de operação ou modo 
de transmissão pretendida, pode ser de menor ou maior dificuldade.  
3 – Os ouvintes de ondas curtas (Shorwave listeners – SWLs)
Têm por hobby sintonizar estações de 
radiodifusão que transmitem nas freqüências de ondas curtas, 
compreendidas entre 1700 kHz (logo acima das ondas médias) até 30 MHz, 
que corresponde ao limite máximo de cobertura da maioria dos receptores 
de ondas curtas. Geralmente procuram ouvir emissoras de todo o mundo 
tendo por motivação principal o interesse na programação, de forma a que
 possam acompanhar notícias, esportes, ouvir músicas e adquirir cultura 
geral. Gostam de participar dos concursos promovidos pelas emissoras, 
onde concorrem aos brindes por elas ofertados. Outros têm como hobby 
colecionar confirmações de recepção das emissoras (por escrito ou na 
forma de Cartão QSL). Muitos desses ouvintes de ondas curtas que 
colecionam QSLs, na medida em que buscam obter confirmações de estações 
de mais difícil captação, acabam por tornarem-se dexistas.
4 – O monitor de rádio internacional
É um ouvinte de ondas curtas  (Shortwave
 Listeners) que presta serviços, remunerados ou não, às emissoras 
internacionais. Seus serviços consistem no auxilio aos engenheiros das 
estações através do monitorando de freqüências em horários indicados 
pelos departamentos técnicos. Enviando regularmente informações sobre as
 condições de recepção da emissora em sua região, os monitores ajudam os
 engenheiros na seleção de freqüências e contribuem para que as 
transmissões internacionais cheguem aos demais ouvintes com a melhor 
qualidade possível.
5 - Dexismo e dexistas (DXers).
A palavra “DX” originalmente significa 
distância, distante. Diferentemente dos radioamadores – para os quais o 
termo é utilizado para definir contato (bi-lateral ou multilateral) a 
longas distâncias – os dexistas usam seus receptores com objetivo único 
de caçar e ouvir sinais distantes e difíceis (não estabelecendo, 
portanto, nenhum tipo de contato pelo meio rádio). Assim, para esses, o 
termo DX tem contornos próprios e até diferenciados, sem que sua 
essência de “distância, distante” sofra alterações.   
Assim, a letra “D” significa distância e a letra “X” significa desconhecida, incógnita; sendo o dexismo assim definido:
Dexismo:
 hobby de se escutar transmissões de sinais longínquos, provenientes de 
regiões distantes (milhares de quilômetros), fora das áreas de cobertura
 projetadas pelas emissoras e preferencialmente de potências reduzidas.
Os dexistas
 são os caçadores destes sinais. Majoritariamente se concentram na busca
 de emissoras de radiodifusão oficial seja em ondas médias, ondas 
curtas, freqüência modulada ou televisão, destinadas ao público em 
geral, havendo também outro considerável contingente deles que buscam 
emissoras clandestinas, piratas, radioamadorísticas, ou utilitárias 
prestadoras de serviços com as mesmas características. Em outras 
palavras, o dexismo é o hobby de se caçar sinais de rádio que em 
condições normais não poderiam ser ouvidos em sua região, sem a 
experiência, a paciência, a perseverança e as técnicas de seu 
praticante, o dexista.
Nessa perspectiva, podemos dizer que 
diferentemente do Shortwave Listener (SWL), que tem na programação da 
emissora sua motivação principal, para o dexista os programas são de 
interesse secundário, visto que seu foco está concentrado em vencer o 
desafio de caçar e ouvir uma emissora de difícil captação.
5.1 O dexismo e os serviços internacionais
A audição de serviços internacionais 
destinados à região do ouvinte (continente ou subcontinente) não é 
considerada DX, porque as transmissões fazem parte da área da cobertura 
projetada pelos engenheiros das emissoras que, antecipadamente, 
programaram os horários, as freqüências de operação, as antenas e os 
transmissores – geralmente de grande potência – para este fim. Neste 
caso, o mérito maior de se ouvir estes serviços deve ser creditado aos 
engenheiros e técnicos das emissoras que, como profissionais que atuam 
nos bastidores, nem sempre recebem o devido reconhecimento por seu 
trabalho.
A audição de serviços internacionais, 
fora das áreas de cobertura projetadas pelas estações (continente ou 
subcontinente), pode ser considerada DX.
5.2 O dexismo e as estações regionais e/ou locais
Ouvir estações regionais, estando elas 
fora das áreas de cobertura projetadas pelas emissoras é considerado DX.
 A título de exemplo, examinemos o seguinte caso: ouvir no Brasil, em 
4790 kHz (ondas curtas) as transmissões locais da Radio Vision de Chiclayo do “vizinho” Peru é DX, ao passo que ouvir o serviço para o exterior
 da Rádio Internacional da China da “distante” China, numa transmissão 
dirigida a América do Sul, não é DX. Agora, caso ouçamos na América do 
Sul, da mesma China, uma transmissão local da estação regional Radio PBS Xinjiang em 3950 kHz estaremos realizando um DX.
5.3 Dexismo dentro de um mesmo país 
São consideradas DX audições efetuadas 
fora da área de cobertura e provenientes do exterior, no entanto em 
países de dimensões continentais como o Brasil, podemos também 
classificar como DX algumas escutas de estações regionais distantes em 
ondas curtas, ondas médias e freqüência modulada (FM).
Entretanto, por prudência, seria 
interessante não cairmos na tentação de generalizarmos o conceito, sob o
 risco de estarmos banalizando o dexismo. Ouvir uma estação em ondas 
curtas de sua região, ondas médias ou FM da cidade vizinha não costuma 
ser DX, até porque as estações, por menores que sejam, procuram cobrir 
as cidades circunvizinhas.
6 - Dexistas e radioamadores.
Os dexistas não devem ser confundidos 
com radioamadores. Eles não transmitem nenhum sinal eletromagnético e, 
conseqüentemente, não necessitam de nenhuma licença. Do dexista não são 
exigidos conhecimentos de eletrônica, tecnologias de rádio, nem de 
telegrafia (a menos que ele se dedique a essa da modalidade), se bem que
 tais saberes, certamente, poderiam ser-lhe de grande valia.
Não quero dizer com isso que um 
radioamador não possa tornar-se num dexista. O radioamador – que de 
antemão já dispõe de conhecimentos técnicos sobre transmissores, 
receptores, antenas a certa experiência nos contatos de longa distância 
desenvolvidos na prática de seu hobby – tem grandes chances de 
transformar-se num bom dexista. Isto pode acontecer caso ele venha a se 
interessar em desenvolver uma dose a mais de paciência, de perseverança e
 de técnicas arrojadas de recepção para caçar, ouvir e decifrar os 
sinais débeis, muitas vezes em idiomas exóticos, provenientes de 
emissoras longínquas em transmissões não dirigidas a sua área de 
recepção. Da mesma maneira, um dexista pode transforma-se um bom 
radioamador, caso tenha o interesse em transmitir, se prepare 
tecnicamente e se submeta às avaliações previstas pelos órgãos de 
comunicação de seu país.
7 – “Dexismo” e “radioescuta” não são sinônimos.
O dexismo é o hobby de se caçar sinais 
de rádio que em condições normais não poderiam ser ouvidos numa 
determinada região; aqueles sinais que somente seriam possíveis de se 
ouvir através da experiência, da paciência, da perseverança e das 
técnicas de um dexista.
Todo e qualquer ouvinte de rádio, ou 
radioamador pode tornar-se um dexista. Entretanto diluir ou rotular o 
hobby como “prática da rádio escuta” além de revelar desconhecimento 
sobre assunto, corresponde a uma grosseira e perigosa simplificação que 
descaracteriza a prática do dexista, induz os novos praticantes ao erro 
e, no extremo, pode conduzir o hobby ao esquecimento e sua conseqüente 
desaparição.
Pelo momento, seriam essas minhas 
considerações sobre o assunto. Espero de alguma maneira ter contribuído 
para dirimir algumas das dúvidas que ainda pairavam sobre o tema. 
Esclareço que não foi meu objetivo o estabelecimento de hierarquizações,
 mas sim o de colocar em evidência as diferenças de cada modalidade, 
respeitando suas especificidades e  identidades.
Para quem quiser saber mais sobre dexismo, recomendo que na internet visitem o site do “DXinfo” e procurem o artigo  denominado “Introdução ao Dexismo” (em inglês) do renomado dexista finlandês Mika Mäkeläinen.
Por Sérgio Dória Partamian, formado em História e membro do DX Clube do Brasil.
FONTE: http://www.ondascurtas.com/artigos/nocoes-basicas/o-que-e-o-dexismo 









