PARA QUEM NÃO ENTENDE NADA
Imagine a situação. Você fica sabendo que uma nova repetidora
entrou no ar, sintoniza sua freqüência e ouve todos chegando final de
escala. Maravilha! Mais uma! Daí você vai tentar acioná-la e nada, ela parece
surda ao seu sinal. Ninguém escuta. O que está acontecendo? Por que todos
estão acionando e eu não? É simples, o segredo é o subtom ou CTCSS
(Continuous Tone Coded Squelch System), que em português seria Sistema de
Squelch Codificado por Tom Contínuo.
Como Surgiu o Subtom (CTCSS)
Nos anos 60, a Motorola, fabricante de rádios
comerciais de VHF, apareceu com uma solução para colocar mais estações de rádio
numa mesma freqüência, e com isso vender mais rádios num espectro já
congestionado. Ela descobriu que poderia ter mais que uma empresa compartilhando
o mesmo canal se eles não ouvissem uns aos outros. Eles patentearam a invenção
com o nome Private Line, que para encurtar chamavam de PL. Outras
empresas vieram depois com a mesma solução, mas com outros nomes para evitarem
processos judiciais, já que não seriam competitivas se não tivessem um sistema
semelhante. Então surgiu Channel Guard, Quiet Channel, Call Guard e outros.
Por sua vez, os fabricantes de equipamentos para
radioamadores aderiram ao sistema com o nome de Tone . Nos últimos 10 anos
praticamente todos os rádios saíram de fábrica com pelo menos a capacidade
de gerar (encoder) o Tone, e como opcional, decodificar (decoder). E alguns
modelos mais caros, como o Kenwood TM-V7A, com os dois recursos já instalados
de fábrica. Já os modelos mais antigos, que não dispunham desse recurso (FT227,
TR7850, etc), poderiam tê-lo madiante a instalação de uma unidade
encoder/decoder de CTCSS opcional ou até mesmo genérica.
Como Funciona
O sistema é baseado em um tom contínuo de baixa
freqüência, que é injetado direto no modulador de áudio do
transmissor. O circuito que gera esse tom (Tone, Subtom, PL ou
qualquer outro nome) é conhecido como encoder. Por outro lado, o receptor
precisará de um circuito decoder de CTCSS instalado antes dos circuitos de
amplificação de áudio (discriminador) para detectar a presença desse sinal. Uma
vez detectado a presença do subtom da frequência correta, um circuito de
chaveamento irá desempenhar alguma função, podendo ser a liberação do mute
do rádio ou sinalizar um estado lógico de saída.
Em equipamentos comerciais, como os da Motorola GM300
ou M120, o subtom é realmente inaudível, pois existem filtros
que permitem apenas que freqüências de voz (300Hz a 3000Hz)
sejam amplificadas pelo estágio de áudio. Já a maioria dos equipamentos fabricados
para radioamadores não tem esses filtros, resultando na passagem de
freqüências bem mais baixas, e com isso o subtom acaba sendo ouvido.
As vezes o som do subtom é confundido como o som de fontes mal filtradas,
mas na realidade é o subtom que não está sendo filtrado como deveria. As
vezes seu nível está muito alto, o que também acaba ajudando a ser percebido na
recepção.
A faixa de freqüência utilizada vai de 67.0 Hz até 254.1Hz.
Sendo que quanto mais baixa a freqüência utilizada, menor a chance de
ouvi-lo. Por isso quase todas as repetidoras utilizam a parte baixa dos subtons
disponíveis. Veja na tabela as freqüências atribuidas ao CTCSS
O subtom nos permite escolher quais sinais serão ouvidos
em nosso receptor. Quando ativamos o Tone Squelch de um rádio, ele
ficará em silêncio. Somente sinais com o subtom correto conseguirão passar pelo
circuito de amplificação e chegar ao alto-falante, todos os outros sinais serão
ignorados. Eles ainda estão lá, mas não serão ouvidos. Quanto ativamos o Tone
Squelch, o rádio passará a se comportar como se fosse uma repetidora subtonada.
Mas por que iríamos querer limitar os sinais que chegam ao nosso receptor?
Temos 4 boas razões para isso:
Limitar o Acesso
No passado, os mantenedores das repetidoras usavam o subtom para
restringir o acesso apenas aos integrantes do grupo. Como os rádios
não tinham o encoder de fábrica, eles eram instalados nos rádios e apenas
quem os tivessem poderiam acionar a repetidora. Pela dificuldade de se
comprar um encoder na época, só os sócios do grupo usavam a repetidora, que na
maioria das vezes também era equipada com um autopatch para ligações
telefônicas. Isso bem antes do advento do celular é claro. Hoje em dia quase
ninguém mais usa o subtom por esse motivo, pois os rádios atuais não só já
têm o encoder, mas em muitos casos são equipados com um decoder, que pode
fazer a varredura e mostrar o subtom no display do rádio. Para isso basta
monitorar o sinal na entrada da repetidora, já que nem todas as repetidoras
retransmitem o subtom.
No entanto, o subtom ainda é uma boa maneira de limitar o acesso
a outros dispositivos, como autopatches, estações remotas, ou rádios operando
como repetidora cross band (função que quase todo rádio dual band têm hoje).
Dessa forma apenas as pessoas autorizadas usarão o sistema. O subtom quando
usado em conjunto com uma senha DTMF é bem mais efetivo na tarefa de limitar o
acesso. Na realidade algumas repetidoras “fechadas” exigem, além do subtom
correto, o envio da senha correta em DTMF para ativá-las.
Compartilhamento de Freqüência
No caso de um radioamador estar numa área onde duas
repetidoras de mesma freqüência se sobrepõem, o subtom poderá ser de grande
ajuda. Toda vez que esse radioamador transmitir, acionará as duas.
Ele estará falando em uma delas, mas vai atrapalhar a vida de quem
está escutando a outra freqüência, que o ouvirá apenas uma parte do QSO.
Com as duas repetidoras usando subtons distintos, apenas a escolhida
será acionada. O subtom também pode ser muito útil para grupos que operam
simplex, pois é muito comum outros grupos nas proximidades, compartilhando a
mesma freqüência, receber sinais indesejados. Se cada grupo usar um subtom
distinto, e todos os integrantes ativarem o Tone Squelch, não terão mais problemas.
Interferências em Repetidoras
Talvez o uso mais nobre para o subtom seja nos casos de
interferências nas repetidoras. Essas, normalmente, disputam um cantinho em
cima de morros altos, quase sempre cheio de antenas de transmissão de
rádios broadcasting, TV, celular e mesmo outras repetidoras de serviços
privados. O resultado disso é um espectro totalmente saturado, onde batimentos
e interferências quase sempre ficam andando pelo espectro e regularmente passam
pela entrada da repetidora, que se não for subtonada, vai disparar
constantemente, podendo tornar a vida radioamador que
mantém escuta nessa freqüência um verdadeiro inferno.
Chamada Seletiva
As vezes você quer ser um pouco seletivo sobre os sinais que
recebe, você quer estar disponível para os amigos mas não quer ficar ouvindo o
chato que fica bipando a repetidora a cada 2s, ou não quer ter sua atenção
desviada com o bate papo que está acontecendo na repetidora. O subtom é a
solução para esse caso. Usando um rádio que tenha o recurso de Tone Squelch, basta
combinar com os amigos o subtom que você programou e pronto, só ouvirá as
chamadas que forem para você. Isso é muito útil, pois nem sempre você quer
ser interrompido em suas atividades, mas quer ser encontrado pelos amigos. Essa
técnica normalmente funciona melhor em operações simplex, pois nem todas as
repetidoras retransmitem o subtom que está entrando. Faça um teste antes para
saber se a repetidora de sua cidade deixa o subtom passar.
Tenha em mente que Tone Squelch ativado só fará o seu receptor
bloquear a recepção de sinais sem o subtom correto, mas eles continuam passando
pela repetidora, você só não os ouve. Um erro comum é achar que porque está
usando subtom outras pessoas não ouvirão o que fala. Todos ouvirão, pois subtom
não é scrambler (embaralhador), é apenas um tom inaldível adicionado a sua
transmissão que permite ser decodificado do outro lado para acionar uma
repetidora ou abrir o som de um rádio com Tone Squelch ativado.
Conclusão
Usar ou não o subtom? Você é quem vai decidir. Existem pessoas
que são totalmente contra o uso do subtom, pois alegam que repetidoras fechadas
são ilegais. Eu particularmente acho que esse argumento já foi por
água abaixo, uma vez que todo rádio, hoje em dia, vem com o encoder, e talvez
até com o rastreador de subtom. Quem será impedido de usar uma repetidora
por ela estar subtonada?
Se você vive numa área onde duas repetidoras compartilham a
mesma freqüência, se você mantém uma repetidora que está num local cheio de
interferências, se você não quer ter sua atenção desviada a todo momento
com os bips da repetidora que você mantém escuta, se você quer ser
encontrado pelos seus amigos e ainda assim ter o sossego de poder trabalhar em
silêncio, o subtom é a solução que procurava.
FONTE DE INFORMAÇÃO
:CRAM
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